O poder transformacional do evangelho Por Jackson Douglas

 I – O QUE É O EVANGELHO DE DEUS – (vs. 9,10)

. . . que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, 10e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Je­sus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho…

Neste texto o apostolo paulo, repentinamente, sai do tema “evangelho” para tratar sobre salvação na seguinte expressão: “Deus… nos salvou”. Tal declaração é inegável, pois falar do evangelho é falar concomitantemente da salvação.

Pode-se dizer que o evangelho se resume nisso: boas novas de salvação, de nosso Salvador Cristo Jesus (v.10). Logo, os termos “evangelho” e “salvação” estão intrisecamente ligados em sua natureza.

Nestes versículos é fácil observar as espressões “nos salvou”, “nos chamou com santa vocação” e trouxe à luz a vida e a imortalidade”. Deduz-se disto que a salvação produzida pelo evangelho não se restringe apenas ao perdão, acrescenta-se a esta verdade a mudança de estado (chamou para sermos santos) e imortalidade. Reco­nhecemos como temas centrais do evangelho: Deus como Criador, Jesus Cristo como Filho de Deus, Senhor de tudo, e Salvador através de sua morte expiatória e vida ressurreta; a univer­salidade do pecado, a necessidade de conversão, a vinda do Espírito Santo, a igreja como corpo de Cristo em missão e a espe­rança na volta de Cristo.

a. A Bíblia e o evangelho

O evangelho deve ser encontrado na Bíblia. De fato, em certo sen­tido, a Bíblia inteira é evangelho, do Génesis ao Apocalipse, pois seu propósito dominante é dar testemunho de Cristo. É que podemos deduzir dos seguintes textos biblicos: Jo 5: 39, 40; 20: 31; 2 Tm 3:15.

 

b. A origem da salvação

De onde provém tão grande salvação? A resposta de Paulo é: “Não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determina­ção e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (v.9), e ela é “antes de todos os séculos”.

 c. O fundamento da salvação

A nossa salvação tem um firme fundamento na obra histórica efe­tuada por Jesus Cristo no seu primeiro aparecimento.   Portanto, o fundamento ocorre em duas expressões presentes nestes versículos: em primeiro lugar, Cristo destruiu a morte (o salário” do pecado, é a sua horrível punição -Rm 6: 23). Em segundo lugar, Cristo “trouxe à luz a vida e a imortalidade mediante o evangelho”.

  II – COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO

Este evangelho recebido da partre de Deus que transformou nossa vida, deve ser comunicados a todos os povos, raças e nações. E é nossa a responsabilidade de transmití-lo, ou seja, evangelizar. Seguindo citação do Pacto de Lausanne evangelizar é “divulgar as boas novas …”. logo, não pode haver evangelização sem evangelho.

 

III – O PODER DO EVANGELHO

Na condição de mensageiros do evangelho já compravamos pessoalmente que o evangelho é o “poder de Deus para a salvação” (Rm 1:16), assim sendo, devemos desejar  que o mesmo se dê na experiência de outros.

Então podemos concluir que:

  1. O evangelho é fruto do amor de Deus e poderoso tanto quanto este amor (João 3:16);
  2. O evangelho é a vontade divina de salvar manifestada através da pessoa de Cristo;
  3. O evangelho é o plano da redenção, trazido e vivido por Jesus neste mundo;
  4. Os apóstolos de Cristo continuaram levando o evangelho (o Poder de Deus) a outros lugares, “Partimos para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para anunciar o evangelho” Atos 16.10;
  5. É nossa responsabilidade pregar o evangelho: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24:14).

IV – PORQUE PODER TRANSFORMACIONAL – (1ª Tessalonicenses, cap. 1).

Analisemos a maneira como a Igreja de Tessalonica foi fundada no ministério do apostolo Paulo.

4.1 – UMA IGREJA QUE O PODER TRANSFORMACIONAL DO EVANGELHO

  • Os crentes de Tessalonica receberam a palavra de Deus no poder do Espírito Santo (1:5) e essa mensagem transformou a vida deles (1:9).
  •  Características resultantes da presença do evangelho nesta igreja: a fé, o amor e a esperança.
  • O evangelho traz salvação e muda a vida (comparando: 1:3 e 1:9-10):
    • Operosidade da fé – eles deixaram os ídolos e se converteram a Deus;
    • Abnegação do amor – para servir ao Deus vivo;
    • Firmeza da esperança – aguardar dos céus o seu Filho.

4.2  – UMA IGREJA QUE SE TORNOU EXEMPLO – V. 5-7

Os crentes de Tessalonica eram exemplo em várias áreas da vida:

  • Eles receberam a Palavra (v. 5)
  • Eles seguiram seus líderes espirituais (v. 6 a) – A palavra “imitadores” (mimetai, de onde vem mimetismo). Os crentes não apenas receberam a mensagem e o mensageiro, mas tornaram-se imitadores de sua vida.
  • Eles sofreram por Cristo (v. 6b) – Ao abandonarem seus ídolos e se voltarem para Deus, esses crentes despertaram ódio nos seus compatrícios.
  • Eles encorajaram outras igrejas (v. 7) – Paulo usa o exemplo das igrejas da Macedônia para encorajar a igreja de Corinto (2 Co 8:1-8).

4.3  – UMA IGREJA QUE SE TORNOU MISSIONÁRIA – V. 8

  • Eles foram recebedores da Palavra (1:5) e transmissores da Palavra (1:8);
  • A palavra repercutiu significa soar como uma trombeta. Por todo lado que Paulo ia às pessoas falavam para ele acerca da fé dos tessalonicenses;
  • Precisamos de igrejas entusiásticas em proclamar o evangelho.

Quero concluir dizendo que Visão, Compaixão e Ação são, intrinsecamente, indispensáveis para exposição do evangelho transformacional, à medida que se preserva o interesse de Deus para a sua igreja aqui na terra.

A obra missionária é realizada quando presentes três elementos imprescindíveis, que podem ser vistos e extraídos do texto do evangelho de Mateus 14.14, que diz: E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos.

Aqui destaco a importância da visão missionária na vida da igreja.  Jesus diante da multidão teve atitudes que nos ensinam como se deve agir diante do mundo não evangelizado que vive debaixo de sofrimentos, angustias e necessidades. Primeiro, ele teve uma visão, seguida de compaixão que resultou numa ação para confortar e mudar a situação da multidão.

Tal qual na vida do Senhor Jesus, a visão é inicialmente, e, fundamentalmente, o que deve mover as nossas vidas para servirmos a Deus neste tempo. A visão missionária norteia as ações evangelizadoras da igreja. Jesus diante da multidão viu não apenas um aglomerado de pessoas, mas pessoas sofridas, necessitadas e comprimidas pelo pecado, à espera de milagres que iam além do material, firmando-se também no campo espiritual.

A visão decifra as agonias do ser humano, ainda que este tente mascarar sua situação por intermédio de alegrias passageiras e passatempos. A visão vislumbra o que há de maior necessidade na humanidade, o perdão dado gratuitamente por Deus.

É valido lembrar o caso dos samaritanos que vindo ao encontro de Jesus após o testemunho dado pela mulher samaritana, foram vistos por Jesus que disse: os campos estão brancos para ceifa (João 4). Diante da visão dos homens samaritanos, a declaração de Jesus foi enfática – os campos (os samaritanos) estavam preparados para receber o evangelho.

A igreja deve ser movida pela visão do amor de Deus pela humanidade, pela visão do mundo que está mergulhado no pecado, pela visão da urgência de se pregar o evangelho e cristianizar as nações.

A visão missionária garante a realização da tarefa principal da igreja pelas razões a seguir. Primeiro, ela trata da missão designada por Cristo para a sua igreja na terra. Segundo, ela indica o grau de espiritualidade e compromisso da igreja com o evangelho de Cristo. Terceiro, ela manifesta também, a essência do amor cristão que vive a compaixão e a solidariedade junto a seu próximo.

Que o Senhor continue nos abençoando na realização da sua obra. Amém!

Pr. Jackson Douglas e pastor Auxiliar da AD em São Luis,  Secretário Executivo de Missões da IADESL, Teólogo, Bacharel em Direito e etc.