O Ide e seus desafios – Por Mateus Jucar

Os últimos momentos de Cristo com os seus discípulos na terra foram marcados pela ênfase dada por Ele à necessidade de sua igreja continuar sua obra de anunciar as boas novas do evangelho após sua ascensão para junto do Pai. A ordem é clara: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15); “… fazei discípulos de todas as nações… ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt

Pr. Mateus Jucar Secretário Administrativo da Semadema ao lado da sua esposa
Pr. Mateus Jucar Secretário Administrativo da Semadema ao lado da sua esposa

28. 19,20). Cumprir essa ordem de Cristo, no entanto, não é tarefa simples. Qualquer pessoa ou igreja que se proponha a cumprir fielmente o Ide de Jesus precisa superar uma série de desafios, dentre os quais aqui destacamos:

1) O Desafio da motivação:
Sendo a pregação do Evangelho uma atividade tão espinhosa e, por vezes até perigosa, não há como realizá-la legitimamente sem uma motivação adequada. Alguém poderia dizer: mas há quem pregue o Evangelho com interesses escusos. Isso é bem verdade, mas a pregação quando feita a partir de motivações escusas nem de longe se assemelha à verdadeira pregação. Qual deve ser então a fonte da motivação do genuíno pregador das boas novas? O mesmo Apóstolo Paulo que nos proíbe de fazer qualquer coisa “por contenda ou vanglória” (Fl 2.5) nos diz que “Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13), ou seja, a fonte da nossa motivação para realizarmos a obra de Deus está no próprio Deus da obra. É a presença de Cristo em nós que nos vocaciona e nos encoraja para a proclamação do Evangelho. Assim, se sua presença não estiver em nós, fatalmente não nos sentiremos impulsionados à pregação, ou se nos sentirmos, não será por motivos legítimos. Da mesma forma, se sua presença estiver em nós, todos seremos, invariavelmente, pregadores e pregadoras do Evangelho, pois como assevera C. H. Spurgeon, “não é possível coexistirem uma alta apreciação de Jesus e uma língua inteiramente silenciosa acerca Dele!”

2) O desafio das finanças:
A obra de Deus é um projeto divino entregue a cargo dos humanos. Deus nos deu essa honra. Sendo um projeto realizado por humanos a propagação do Evangelho requer que se invistam recursos financeiros e é exatamente aí que reside o problema para muitas pessoas e igrejas. Da mesma forma que se comportavam os hebreus instados por Deus no capítulo 1 de Ageu, muita gente hoje se dispõe a investir seus recursos em tudo, até mesmo nos bens e serviços mais supérfluos, menos na realização da Obra de Deus.

3) O desafio do preparo intelectual:
Para tornar a mensagem da salvação passível de ser compreendida pelos homens Deus providenciou a sua codificação em línguas humanas e, assim, sua comunicação depende, dentre muitas outras coisas, da capacidade do pregador de comunicar-se de forma eficiente no contexto cultural das pessoas ou grupos humanos alvos da sua pregação. Muitos defendem a não necessidade do preparo intelectual dos pregadores alegando que Deus pode usar qualquer um, afinal de contas, dizem muitos, “Ele usou até uma jumenta”. O poder de Deus é ilimitado e Ele realmente pode usar qualquer pessoa, mas é do interesse dele que nos preparemos o máximo possível para que possamos servir-lhe da melhor forma possível. Nunca é demais lembrar que o homem que mais contribuiu para o crescimento e fortalecimento do cristianismo foi o Apóstolo Paulo, justamente um intelectual de vastíssimo conhecimento e refinada cultura. O Evangelho é, como sabemos, a melhor mensagem que alguém pode comunicar a outrem e, assim, ele merece o que de melhor nós pudermos empregar para sua pregação.

4) O desafio do preparo espiritual:
Já dissemos que a pregação do Evangelho é um projeto divino cuja execução foi entregue aos humanos. O fato de ter sido entregue aos humanos não faz da pregação uma tarefa meramente humana, de forma alguma. É o próprio Cristo que nos diz que é o Espírito que convence o mundo (as pessoas) do pecado, da Justiça e do juízo (Jo 16.8), ou seja, a tarefa do ser humano na salvação do ser humano conclui-se na pregação, pois o trabalho do convencimento é tarefa exclusiva do Espírito Santo. Eis a razão maior da necessidade do pregador se preparar espiritualmente para a pregação do Evangelho. Jesus, aliás, não deixou qualquer dúvida acerca da fonte de onde emana o poder necessário à legítima pregação do evangelho. Disse Ele: “… recebereis o poder do Espírito Santo que há de vir sobre vós e (só depois) ser-me-eis testemunhas” (At 1.8).