A COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO NO MEIO ACADÊMICO

 Edson Talarico Rodrigues*

  1- IMPORTÂNCIA E ALGUNS DADOS

A instituição escola é hoje quase uma unanimidade mundial na função formativa e informativa. estudanteFrequentá-la é requisito básico para se exercer a plena cidadania. Isso faz com que seja um dever do Estado e um direito do cidadão. O Ensino Superior tem a finalidade de formar, de modo sistemático e organizado os profissionais e os intelectuais

de que os países necessitam, por meio das atividades de ensino pesquisa e extensão (Lima, 1996).

Evangelizar um estudante universitário é investir na conversão de uma pessoa que poderá produzir muitos frutos para Deus (Mt 13. 23). Será um político, um empresário bem sucedido, ou simplesmente uma pessoa talentosa, com aptidões especiais. Enquanto estudante, essa pessoa tem a tendência de estar mais receptiva ao Evangelho que depois de formada.

O Quadro 1 apresenta alguns números das escolas brasileiras. A sua avaliação nos

leva a algumas constatações, quais sejam:

• Um em cada três brasileiros vai à escola, para ensinar ou aprender.

• A escola brasileira é altamente seletiva. Veja como o percentual de alunos diminui a cada nível. Para se formar num curso superior é preciso romprem-se muitas barreiras.

• Cresce o ensino privado, e as vagas para o ensino público não aumentam na mesma proporção (Figura 1). Em 1998, de cada dez Instituições de Ensino Superior, oito eram

privadas e abrigavam 62% dos alunos matriculados.

• O número de vagas ofertadas nas universidades brasileiras é pequeno. Apenas 6,6% dos jovens entre 20 e 24 anos está na universidade. Entretanto, entre os jovens europeus

esse número é de 80% (Almanaque Abril, 2000). Em 1997, a concorrência nos vestibulares para as escolas públicas foi de 9,4/1 e para as escolas particulares, foi de 2,2/1. Se ingressar na universidade é uma vitória, concluir o curso é um triunfo, porque

um em cada dois alunos desiste do curso antes de completá-lo (Almanaque Abril, 2000).

Reflexão: Evangelizar a escola é uma estratégia de grande alcance. É uma oportunidade

sem precendentes e essa responsabilidade precisa ser assumida pelos evangélicos brasileiros ligados à vida escolar. Devido às características específicas da escola

brasileira, parecem ser pouco producentes movimentos de proselitismo denominacional. Ao invés disso, devemos marcar uma presença inter denominacional, como o Corpo Vivo de Cristo, cumprindo ali a tarefa de sal da terra e luz do mundo.

Devemos nos esforçar para comunicar as Verdades Divinas com uma linguagem que o

estudante possa entender.

2- POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA EVANGELIZAÇÃO ESCOLAR

• É um ponto de convergência.

As pessoas presentes na escola se deslocaram de outros bairros, ou cidades, ou estados ou países, no caso de estudantes estrangeiros. Ter essas pessoas concentradas ali é uma economia de esforço, do ponto de vista da estratégia evangelística. É claro que ninguém comparece à escola para tomar conhecimento do evangelho. O nosso trabalho começa com a comunicação evangelística correta para esse ambiente.

• É um Local onde as pessoas interagem

Na escola as pessoas precisam se comunicar e têm oportunidade de se conhecerem, fazer amizades, trocar idéias. Talvez não exista outra instituição mais apropriada para

essa finalidade. Na verdade, é lamentável vermos que muitos evangélicos ocultam o seu

testemunho cristão e perdem essa grande oportunidade para comunicarem o evangelho

aos seus colegas. Isso é notado entre alunos, professores e funcionários.

• A fé é confrontada

A escola repassa conceitos filosóficos e científicos equivocados, que são antagônicos à Palavra de Deus, mas são tornados válidos pelo consenso da Comunidade Científica. Entre os não cristãos, isso acentua o ceticismo e a incredulidade. Entre cristãos menos alicerçados no conhecimento bíblico há ameaças de esfriamento na fé. O que cabe a nós fazermos quanto a isto? Muito pode ser feito. Todo o Comunicador do Evangelho tem a missão de manifestar um posicionamento bem fundamentado, tanto na Bíblia como em assuntos científicos e, principalmente, com um testemunho de vida coerente com a fé professada.

• O inimigo tem planos de ação

A escola nada mais é do que uma amostragem do que se encontra na sociedade. Uma grande maioria apresenta um comportamento carnal, liberal, contrário à vontade de Deus. Isso faz surgir o fenômeno conhecido como pressão do grupo, pois essa maioria cobra de todos um comportamento padronizado, para poder interagir. A posição dos Comunicadores do Evangelho precisa ser equilibrada. Isolar-se do grupo não é a solução.

Na verdade, é preciso orar e vigiar, pois o Espírito Santo nos unge para estarmos

integrados e podermos exercer a ação benéfica de sal da terra e luz do mundo.

3- COMO COMUNICAR O EVANGELHO COM EFICÁCIA A ESTUDANTES?

Percebe-se na leitura da Bíblia que a prioridade máxima de Deus para as atividades dos cristãos é a evangelização. Antes da ascensão de Jesus, Ele solicitou: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho” (Mc 16. 15). Igualmente, em Atos 1. 7 e 8, Jesus responde aos seus discípulos que certas questões nacionalistas seriam resolvidas depois. Mais importante seria um preparo sobrenatural específico, que os tornaria aptos a comunicarem o Evangelho aos mais diversos ambientes do mundo.

Em que consiste a comunicação? O esquema a seguir nos ajuda a demonstrar algo. É difícil sabermos o quanto do que comunicamos está sendo captado pelo receptor  e qual está sendo a interpretação. O inimigo de Deus procura colocar ruído na mensagem vangelística (2Cor 4. 3, 4). Por isso, dependemos do auxílio divino para que a mensagem seja eficaz.

O Poder está na Palavra (Hb 4. 12)

A Palavra de Deus é viva. Precisamos conhecê-la, guardá-la e utilizá-la como o tema principal da nossa mensagem evangelística.

É impressionante como a Bíblia tem o poder de falar por si própria. No ano de 1981 eu tomei a iniciativa de doar dois exemplares à Biblioteca Central da UFMT, pois não existiam bíblias para empréstimo até então. Vários anos depois, eu estava pelos corredores dessa universidade, quando um funcionário perguntou-me: Você é o Edson

Talarico? Sim, respondi. – Então eu quero te abraçar e agradecer por aquela Bíblia que

você doou.

Ocorreu que o funcionário atuava na biblioteca, com a tarefa de devolver livros às estantes. Ao deparar com o exemplar, sentiu-se tão atraído pela mensagem que a levou para casa. Na ocasião ele estava com problemas pessoais e familiares, tinha planos de se

separar da esposa e até pensava em suicidar-se. Com a leitura daquela Bíblia a sua vida foi restaurada completamente. Essa foi para mim uma experiência tremenda!

Estratégias

Nós da Agência Projeto Pés Formosos (APF) estamos em sintonia com diversas entidades de evangelização estudantil. Somos gratos a Deus pela existência de tais entidades e pelo seu trabalho. Uma das maiores características daqueles que estão na escola é a criatividade. Conseqüentemente, a evangelização escolar tem sido criativa. A estratégia adotada nos nossos trabalhos está de acordo com A CHI ALPHA (1996), com

atividades de adoração, comunhão, discipulado e testemunho. Várias estratégias contidas nesse manual tem sido adotadas também em nossos trabalhos.

As principais linhas de atuação da APF são:

– Estabelecimentos de dias específicos para a prática de jejum e oração.

– Conscientização da existência de uma batalha espiritural e a busca dos recursos do

Espírito Santo.

– Ênfase e prática do evangelismo e discipulado pessoal.

– Reuniões sistemáticas no ambiente estudantil para a prática de estudos bíblicos,

testemunhos, adoração e oração.

– Organização de eventos evangelísticos culturais e artísticos.

– Promoção de Congressos e Encontros de abrangência regional ou nacional.

À Igreja e aos Líderes

Somos uma Entidade para-eclesiástica cuja principal atividade é assessorar as Igrejas Evangélicas na evangelização estudantil. Graças a Deus, o apoio recebido de alguns ministérios tem permitido que alguma coisa seja feita. Todavia, há muito mais a se fazer e, para isso ocorrer, é preciso somarmos esforços. A APF, representada por um grupo seleto de jovens talentosos e espirituais, é uma agência com um imenso potencial humano de realização e estamos orando para que juntos possamos fazer muito mais para o engrandecimento do Reino de Deus junto a esse público tão necessitado do Evangelho da Graça de Deus.

 

*Presbítero da Igreja Assembléia de Deus, Doutor em Produção Vegetal, Professor Visitante da UFMS, em Dourados-MS.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMANAQUE ABRIL. Editora Abril, São Paulo, 2000. 432 p.

BÍBLIA SAGRADA. Edição Contemporânea. Flórida: Ed. Vida, 1997.

FRANÇA, V. Perfil apático. Revista Veja, Ano 30, N.º 17, 30/04/1997. pp.94-95.

GONÇALVES, D.N. De volta às aulas. Revista Veja, Ano 30, N.º 21, 28/05/1997. p.92.

GONÇALVES, D.N.; PASTORE, K. Ensino precário. Revista Veja, Ano 30, N.º 17,

30/04/1997. pp. 92-93.

LIMA, E. RENOVATO. O cristão e a universidade. GPEU, Coordenação de Estudos e

Treinamento. Cuiabá, 1996. 9 p

CHI ALPHA. Manual Práctico del líder académico. Fundamentos del ministerio

universitario. 1ª Edición en español, 1996. 149 p.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros curriculares

nacionais. Documento introdutório. Secretaria do Ensino Fundamental – SEF,

Brasília, 1997. 54p.