Conhecendo as terras áridas do Brasil no contexto missionário e as possibilidades de produzir vida

Missionários Carlos e Hosana Carvalho

1. INDÍGENAS – 121 etnias sem presença missionária – sendo 31 no Nordeste.
O Cenário Indígena Brasileiro e a Atuação Missionária Evangélica
Nos últimos 500 anos o pensamento coletivo brasileiro não mudou a ponto de gerar uma diferença visível em termos de abordagem e interação com o indígena e sua sociedade. No cenário leigo o índio ainda é visto por alguns como selvagem, por vezes como herói, ignorante ou, ainda, como representante de uma cultura superior e pura. Poucos pararam para escutá-lo nos últimos cinco séculos, e havia muito a ser dito.
No meio acadêmico fala-se sobre a desmistificação da identidade indígena. Creio que precisamos primeiramente desmistificar a nós mesmos, repensar nossas expectativas em relação a essa sociedade com a qual convivemos por séculos sem compreendê-la, e passar a interpretá-la de forma igualitária na dignidade e respeitosa nas diferenças.

Calcula-se que havia 1,5 milhão2 de indígenas no Brasil do século 16, os quais, irreparavelmente, somam hoje não mais de 350 mil. Infelizmente essa realidade etnofágica vai muito além das estatísticas e das palavras, pois é composta por faces, vidas, histórias e culturas milenares, as quais têm sofrido ao longo dos séculos a devassa dos conquistadores, a forte imposição socioeconômica e perdas sociais tremendas. Permita-me redefinir os termos desta afirmação. Os conquistadores não são os outros. Somos nós.

A sociedade indígena ainda vive hoje sob o perigo de extinção. Não necessariamente extinção populacional, mas igualmente severa, quando se perde língua, história, cultura e direito de ser diferente e pensar diferente convivendo em um território igual.
Segundo Lévy-Strauss, a perda lingüística é um dos sinais de declínio de identidade étnica e decadência de uma nação. Ao observarmos tal sinal, percebemos quão desolador é o cenário. Michael Kraus3 afirma que 27% das línguas sul-americanas não são mais aprendidas pelas crianças. Isso significa que um número cada vez maior de crianças indígenas perde seu poder de comunicação a cada dia.

Aryon Rodrigues estima que, na época da conquista, eram faladas 1.273 línguas,4 ou seja, perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. Luciana Storto chama a atenção para o Estado de Rondônia, onde 65% das línguas estão seriamente em perigo por não serem mais aprendidas pelas crianças e por terem um ínfimo número de falantes.

Precisamos perceber que a perda linguística está associada a perdas culturais complexas, como a transmissão do conhecimento, formas artísticas, tradições orais, perspectivas ontológicas e cosmológicas. No processo de transição, quando a língua materna cai em desuso, normalmente há o que podemos chamar de “geração perdida”: um vácuo cultural atinge uma geração inteira. Ou seja, no processo de perda linguística e migração para o português, os grupos indígenas passam por um processo de adaptação quando já não têm mais fluência na língua materna nem aprenderam o suficiente o português para uma comunicação mais profunda. Tal processo em média não dura menos que três décadas. Esse é um momento de perigo, em que a identidade indígena é autoquestionada e muitos valores e, sobretudo, seu poder de comunicação e transmissão de conhecimento são perdidos. Perdem-se também os sonhos.

Na tentativa de repensar a realidade de nossos irmãos indígenas é preciso filtrar a informação sobre a atuação missionária evangélica em relação a eles. A contribuição evangélica, na tentativa de relaMapacionamento com a sociedade indígena nacional, teve início com a influência holandesa no século 16 e permanece hoje representada por um grande número de organizações que tenta reduzir os prejuízos sofridos. Isso se traduz em um sem-número de biografias daqueles que deram a vida, na impossibilidade de darem mais, para minimizar alguns dos efeitos do extermínio social indígena de séculos.
Dentro de um vasto universo de ações sociopolíticas percebemos que a força evangélica missionária se destacou especialmente em três áreas: preservação lingüística (com a grafia e conseqüente preservação de diversas línguas — e muito ainda está sendo feito); educação (tanto na língua materna, com forte destaque, quanto na educação formal em programas governamentais); e saúde (tanto de base, nas comunidades, quanto também organizacional, em clínicas e hospitais). Permita-me pontuar: o evangelho jamais será motivo de alienação social ou imposição de credo. É, ao contrário, motivação para uma contínua tentativa de se recuperar as perdas humanas nos segmentos mais sofridos.

2. RIBEIRINHOS – 10 mil comunidades sem presença de uma igreja evangélica.
Ribeirinhos  são  indivíduos,  famílias e comunidades que vivem em regiões de várzea  (áreas  alagáveis,  próximas  do  rio)  e  possuem  um  modo  de  organização  e reprodução  social  baseado  na  constante  interação  com  o  rio  e  determinado  pelo regime hidrológico (mudanças no volume das águas) e pelos recursos que ele oferece.
Em  regiões  de  planície  e  de  baixa altitude,  a  exemplo  de  algumas regiões  do  pantanal  e  da  bacia amazônica,  áreas  extensas  são alagadas  durante  os  períodos chuvosos  provocando  uma  série  de mudanças  no  modo  de  vida  das populações.

Nestas áreas de planície, formam-se lagos nos períodos em que o rio  diminui de volume.  Esses lagos  são importantes para a atividade de pesca. O terreno alagado na época das chuvas torna-se extremamente fértil no período de seca.  Com isso, propício para o plantio de espécies não cultivadas em outras épocas como jerimum (abóbora), melancia e abacaxi, além dos roçados habituais. Nos anos em que a chuva chega mais cedo, a roça é inundada com prejuízo na colheita.

As regiões denominadas de terra firme ou de “centro”, mais distantes do rio, não  sofrem alagamentos. Essas áreas são aproveitadas para a construção das casas e implantação  de  pastos  e  roçados.  Muitas  famílias  constroem  suas  casas  nas  áreas alagáveis, sobre palafitas, adaptadas tanto ao regime de seca quanto de cheia.
Nos  períodos  de  cheia  é  possível  chegar  de canoa até as residências situadas em áreas de terra firme. No período de seca, muitas vezes é  necessário  deixar  o  barco  no  porto  e caminhar alguns quilômetros para chegar até o centro. Em muitas localidades o transporte é feito somente pela via fluvial. Algumas comunidades preservam as formas de trabalho coletivo, como o mutirão, o ajuri ou o muxirum, em que há o uso compartilhado da terra, ou a troca de serviços entre diferentes proprietários. Os moradores se unem, dessa forma, para a colheita nas roças, limpeza de cemitério, limpeza de estradas, pesca, produção de farinha, coleta de produtos florestais, entre outras atividades.

As  famílias  ribeirinhas  distribuem-se  por  quase  todo  o  território  nacional. Estão  localizadas  nas  proximidades  dos  principais  rios  e  seus  afluentes.  Para  a localização das  famílias ribeirinhas,  muitas  vezes é  necessário  conhecer  a  hidrografia da região e os nomes dados aos lagos, rios, e seus afluentes.

3. CIGANOS – 700 mil ciganos que não foram apresentados ao Evangelho em sua própria língua.
Acredita-se que os ciganos sejam originários da Índia. Suas histórias de viagens e caminhadas são longas e abrangem a Ásia, África e Europa até chegarem ao Brasil no século XVI. Não há dados estatísticos concretos, mas estimase que em nosso país a população de ciganos esteja entre 600 mil e 1 milhão.
Os ciganos representam um dos povos étnicos minoritários não alcançados que preservam língua materna, tradições, costumes e religiosidade sincrética, ou seja, uma grande mistura de credos e práticas assimiladas ao catolicismo popular e ao animismo. A falta de informação da sociedade brasileira e do restante do mundo faz destes grupos étnicos ciganos o alvo de preconceito, discriminação e de exclusão.

Os ciganos estão divididos em três grandes grupos: Sinti, Rom e Calon. Os mais encontrados no Brasil são os “Rom” e os “Calon”. Os ciganos possuem uma língua comumente conhecida como romanês, que se diversifica em dialetos. Cada dialeto é denominado com nomenclaturas próprias de cada grupo (Chibi, Romá, Romanô, Caló etc) e podem ter grandes diferenças entre si. Podemos encontrar por todo território brasileiro comunidades de ciganos nômades ou sedentários e muitas delas vivem à margem da sociedade majoritária, sem acesso à saúde, educação ou cidadania e recebendo pouca valorização cultural. Os ciganos são seres humanos amados por Deus, incluídos no Seu plano eterno de salvar “toda” a humanidade caída. O plano de Deus foi ratificado por Jesus Cristo ao ordenar a nós a proclamação das Boas Novas a “todas as nações” (Mateus 28:18-20), portanto, evangelizar os ciganos não é opção, é ordem divina e faz parte da Grande Comissão.

Há poucos ministérios dedicados à evangelização dos ciganos no Brasil, por isso, em 2002, um grupo de jovens cristãos começou um movimento de missão integral entre os ciganos que tem crescido a cada dia. Nasceu assim a Missão Amigos dos Ciganos (MACi), cujos objetivos são o atendimento nas áreas de educação, cidadania, saúde, evangelização, plantação de igrejas ciganas, produção de materiais evangelísticos e manuais de evangelização contextualizados, treinamento e mobilização missionária e, projetos de tradução da Bíblia nos dialetos ciganos.

Estamos juntos no intuito de traduzir a Bíblia para os dialetos de cada grupo cigano e o primeiro grupo a ser contemplado são os Calon, que falam a língua “Chibi” – palavra usada pelo próprio grupo. A Chibi é bastante peculiar e não dispõe de nenhuma tradução bíblica publicada no Brasil. O missionário Calon Antônio Pereira sentiu a necessidade de ler a Bíblia em sua língua e começou a escrevê-la no seu idioma. Para apoiar essa iniciativa, nos dias 24 a 27 de outubro aconteceu na ALEM o Curso Introdutório para Capacitação de Facilitadores e Tradutores da Bíblia Cigana. Participaram alguns ciganos Calon e missionários que já trabalham neste ministério. O projeto de tradução para língua Chibi conta com o apoio do Instituto Antropos e faz parte do macro projeto de tradução para as línguas indígenas de nosso país. O macro projeto denominado Tradutores Indígenas Brasileiros (TIB) é uma iniciativa do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI) e conta com a parceria da ALEM, Sociedade Internacional de Linguística (SIL) e The Seed Company.
Maiores informações:
E-mail:[email protected] Blog:http://amigosdosciganos.blogspot.com Adaptação e ampliação do Folder “CIGANOS: incluídos e amados por Deus”

4. QUILOMBOLAS – 2 mil comunidades sem presença de uma igreja evangélica. Quilombolas são afrodescendentes que se organizam em comunidades próprias e mantém sua identidade. Há um número ainda não dimensionado de comunidades quilombolas no Brasil. O Ministério do Desenvolvimento Social identificou a existência de 3.524 comunidades quilombolas em 2010. Estima, porém, que o número final possa chegar a 5.000 comunidades.  O PBQ (Programa Brasil Quilombola) emitiu relatório em 2009 estimando mais de 3.000 comunidades. Segundo o IBGE 2010 há 477 comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas como comunidades tradicionais. Reconhece, porém, que a quantidade de comunidades quilombolas é bem superior: 1945 no Nordeste, 156 no Centro-Oeste, 277 no Sul, 383 no Sudeste e 473 no Norte.

Estão assim divididas: Nordeste – Alagoas: 53, Ceará 87, Paraíba 24, Pernambuco 104, Piauí 173, Rio Grande do Norte 68, Sergipe 31, Sergipe 31, Bahia 549, Maranhão 856; Centro-Oeste – Distrito Federal 1, Goiás 73, Mato Grosso 23, Mato Grosso do Sul 59; Sul – Paraná 102, Rio Grande do Sul 142, Santa Catarina 33; Sudeste – Minas Gerais 207, Espírito Santo 57, Rio de Janeiro 33, São Paulo 86; Norte – Amazonas 3, Amapá 16, Pará 417, Rondônia 8, Tocantins 29.
O dimensionamento do trabalho evangélico entre quilombolas é ainda incipiente e localizado. A Consulta Quilombolas do Brasil coletou diversos dados referentes às ações evangélicas neste segmento. Estima-se, porém, ainda mais de 2.000 comunidades quilombolas sem presença de uma igreja evangélica.
“Três anos de mapeamento pela Rede Mãos Dadas revelou a grande diversidade de povos e expressões étnico-culturais presentes no Nordeste. Nas viagens encontrei igrejas iniciando trabalhos em comunidades quilombolas. Andar pelas comunidades, na presença das crianças, despertou em mim um desejo de buscar mais conhecimento histórico, territorial e antropológico sobre o tema.

Denominados pelo governo como “comunidades e povos tradicionais”, os quilombolas são parte significativa da história do Brasil, embora, para a grande maioria dos brasileiros, sua realidade continue a ser praticamente invisível. Atualmente, estão certificadas pela Fundação Cultural Palmares 1.711 comunidades espalhadas pelo território nacional. Estima-se, porém, que existam cerca de 3.500. Há comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades são: Maranhão (381), Bahia (380), Minas Gerais (145), Pernambuco (104) e Pará (98). Entre os nove estados do Nordeste o número de comunidades certificadas é: Maranhão (381) Pernambuco (104) Sergipe (20) Ceará (29) Piauí (42) Rio Grande de Norte (21) Paraíba (34) Alagoas (64) Bahia (380). Fonte: Fundação Cultural Palmares, Setembro 2011.

Quilombolas mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas, ao longo dos séculos. Para um melhor entendimento do que são os remanescentes de quilombos, o Decreto 4887/03 estabelece que: “Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a opressão histórica sofrida”.
Um trabalho respeitoso e contextualizado haverá maior possibilidade de implantar comunidades de fé que sejam realmente “boa notícia” para essa gente, podendo, dessa forma, participar da revitalização do patrimônio cultural, da manutenção das suas riquezas e da transformação integral dos seus membros.

Que Igreja de Jesus sonhamos em ser plantada e vivida entre os quilombolas? Uma igreja que avança na promoção da justiça e participação social, e que trabalha contra a miséria e o racismo? As experiências iniciais demonstram que a expansão futura da igreja em comunidades não alcançadas pelo Evangelho certamente vai exigir um entender e pensar em ações a partir das violações dos direitos dos quilombolas e de suas demandas, das quais se destaca a luta pela terra e pela educação.
(Alison M. Worrall é representante da Rede Mãos Dadas no Nordeste.)

5. SERTANEJOS – 6 mil assentamentos sem presença de uma igreja evangélica.

O CLAMOR DOS ESQUECIDOS
O DESAFIO DA EVANGELIZAÇÃO DO SERTÃO.
Na Região do Nordeste do Brasil, o Sertão representa um grande desafio de evangelismo e plantação de igrejas. Conhecido pelos evangélicos como a Janela 10/40 do Brasil, principalmente a zona rural do Sertão Nordestino. A Região continua sendo uma das menos evangelizadas do país. Embora nos últimos anos o número de evangélicos tenha crescido muito no Brasil, este não tem sido o caso do Sertão. Portanto, é hora da igreja focar seus esforços em favor da evangelização e plantação de igrejas em áreas mais carentes do nordeste, que são os sertões e principalmente a zona rural sertaneja. A igreja evangélica brasileira precisa atender a este clamor.
A zona rural do Sertão Nordestino possui mais de 15 milhões de habitantes e tem menos de 0,1% de crentes, com mais de 10 mil comunidades rurais sem a presença de uma igreja evangélica.

A zona rural nordestina é a Região do Brasil que apresenta os piores índices sociais, tais como: analfabetismo, desnutrição, evasão escolar, renda familiar muito baixa, falta de assistência médica e odontológica, etc.
Cremos que só o Evangelho pode transformar de forma radical, rigorosa e profunda a vida do homem sertanejo. A zona rural continua esperando pelas boas novas de amor, de paz e de redenção espiritual através da evangelização, de discipulados, grupos familiares, ajuda comunitária, trabalhos com crianças, impactos evangelísticos, plantado igrejas, apoiando missionários, etc.
O desafio de alcançar este povo precisa ser encarado de forma urgente pela igreja evangélica brasileira. Esta é a hora de uma ação radical direcionada para alcançar o povo sertanejo que vive na zona rural. Precisamos ser um instrumento de Deus na busca da redenção do homem perdido, vamos juntos trabalhar em prol da salvação dos sertanejos.

6. PESCADORES – São mais de 8.000 km de costa marítima e fluvial mais de 800 comunidades de pescadores sem uma igreja evangélica.

MEVA – SEPAL – MEAP
7. IMIGRANTES – 27 países representados no Brasil que são fechados para o Evangelho.
8. SURDOS – 9 milhões de surdos no Brasil. Apenas 0,1% evangélicos.
9. OS MAIS RICOS DOS RICOS E OS MAIS POBRES DO POBRES – Faixas socioeconômicas onde há 3 vezes menos evangélicos que nas demais de centro.

... E as Possibilidades de Produzir Vida.

Fomos positivamente bombardeados nestas três últimas décadas pela missiologia do avanço final onde Ralph Winter defendia uma abordagem em massa em direção aos 13.000 povos não alcançados da terra sendo seguido por movimentos mundiais como o AD 2000 que propuseram “uma igreja para cada povo e o evangelho para cada pessoa até o ano 2000” onde foram listados inicialmente mais de 10.000 grupos sem uma igreja com pelo menos 100 membros.
Logo depois missiólogos como Patrick Johnstone conseguiram fragmentar o estudo identificando menos de 4.000 etnias totalmente não alcançadas enquanto a World Mission International em uma avaliação recente estima que apenas 2.227 grupos e subgrupos étnicos não possuam hoje uma igreja presente entre eles. As estatísticas mostram um incrível avanço missionário nestes últimos 30 anos.

Sem dúvida não podemos questionar o avanço da Igreja Evangélica que entre 1999 e 2000 obteve um índice de 6.1% em termos de crescimento global sendo assim o maior índice de crescimento entre as principais religiões mundiais, incluindo o Islã.
Também não podemos minimizar o avanço das Missões que se puseram a encontrar, estudar e catalogar os grupos ainda não alcançados pelo evangelho fazendo-nos saber quem eles são, onde estão, quantos são e quais as principais barreiras para alcançá-los.
É preciso, entretanto, compreender que ao mesmo tempo em que antigas barreiras foram derrubadas outras novas tem se formado, pois não vivemos em um mundo estático e precisamos de uma missiologia mais ágil do que precisávamos 10 anos atrás. Também algumas antigas barreiras não têm dado sinal de mudanças. Permita-me citar 2 novas fronteiras com as quais, creio, lidaremos nestas próximas duas ou três décadas.

1.A redoma de resistência entre os não alcançados.
Vemos que os povos que foram alcançados dentre os 13.000 inicialmente propostos por Winter e McGavran seguiram a regra da menor resistência, e esta é uma regra normal. Ou seja, em regiões onde haviam três grupos não alcançados, houve penetração missionária nos dois que demonstravam menor resistência, seja geográfica, política, religiosa, lingüística, cultural ou espiritual. O mais resistente ficava para um segundo momento. Em linguagem simples poderíamos afirmar que filtramos estes 13.000 povos não alcançados e portanto o que temos em nossas mãos neste início de milênio não são simplesmente outros 2.000 PNAs (Povos Não Alcançados) mas sim justamente os 2.000 mais resistentes em toda a história do Cristianismo. Consequentemente precisamos agora de maior preparo missiológico, cultural e lingüístico que os missionários há 50 anos atrás. Também precisaremos de nova motivação e pioneirismo e sobretudo da graça de Deus. Poderíamos chamar esta primeira fronteira de redoma de resistência.

2.A “incapacidade” de evangelização bíblica pelas igrejas locais.
Esta é uma característica da geração evangélica contemporânea que se intensifica a cada dia e tem impedido o avanço da igreja em direção ao mundo perdido.
Pensemos sobre duas das principais influencias incapacitantes com as quais a Igreja tem lidar nos dias de hoje:

a)    As ênfases filosóficas no seio da Igreja que têm se mostrado fortes e em crescimento avassalador.
Hedonismo – (do grego hedonê, “prazer”, “vontade” ) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. Surgiu na Grécia, e importantes representantes foram Aristipo de Cirene e Epicuro.

O hedonismo filosófico moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.
O significado do termo em linguagem comum, bastante diverso do significado original, surgiu no iluminismo e designa uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres momentâneos. Com esse sentido, “hedonismo” é usado de maneira pejorativa, visto normalmente como sinal de decadência.

Pragmatismo – constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do século XIX, com origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes dos Estados Unidos.
Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos.
A questão que distingue o pragmatismo reside principalmente no entendimento dado a esta locução – “desdobramentos práticos”.
Egoísmo – (ego + ísmo) é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona. Neste sentido, é o antônimo de altruísmo.

b)    Os Valores extremados que norteiam as ações missionárias.
I.    Em um dos extremos está o liberalismo teológico, onde ocorre um enfraquecimento da centralidade bíblica.
Um trabalho missionário sem um sólido fundamento teológico bíblico se divorcia da mente de Deus!
II.    No outro extremo está um fundamentalismo exagerado marcado pela intencional insensibilidade cultural e linguística na apresentação do Evangelho.
Um trabalho missionário sem um sólido fundamento antropológico e linguístico se divorcia da mente do Povo!

CONCLUSÃO
•    Temos em nossas mãos a Palavra Viva, que precisa ser lançada na terra dos corações, tanto dos que estão perto como dos que estão longe. Temos que leva-la para fora de nós, para fora das paredes, e crescer, não inchar. (At 1:8)
Temos que voltar a ser discípulos de Cristo e não procurarmos servir a nós mesmo, mas servir ao mundo dando nossas vidas em resgate de muitos, não amando a nós mesmos mas àquele que por nós morreu e ressuscitou.(2Cor 5:14, 15)
•    Precisamos entender e considerar que o Evangelho precisa ser comunicado e compreendido para que possa ser crido.
Nosso trabalho é ENSINAR, construir compreensão. (Mc 14:49; Mt 28:19, 20; At 5:42;8:31; 11:26; 15:35) Sem compreensão não haverá fé (Mt 13:19)
E o trabalho do Espírito Santo é usar o que foi ensinado e CONVENCER (Jo 16:8)
Meu sincero desejo é ter contribuído para o seu crescimento no Reino e na Obra de Deus e que o Senhor use tudo que aprendemos aqui para a Sua Glória.

Mis. Carlos Carvalho
MNTB -São Luis-MA, 2013